A disputa pela prefeitura de Nova York, marcada para esta terça-feira (4), transformou-se em um dos eventos políticos mais importantes dos Estados Unidos. Segundo informações da imprensa americana, o deputado estadual Zohran Mamdani, socialista e muçulmano, desponta como favorito na corrida.
Mamdani, nascido em Uganda e filho de imigrantes, poderá se tornar o primeiro muçulmano a governar Nova York. Aos 34 anos, ele representa uma nova geração de políticos progressistas que buscam renovar o Partido Democrata. Sua ascensão rápida e o discurso socialista, voltado a temas como moradia acessível e justiça social, fizeram dele um fenômeno entre os eleitores jovens e uma figura polarizadora no cenário nacional.
Reviravoltas e candidaturas
A campanha nova-iorquina foi marcada por reviravoltas. Mamdani superou Cuomo nas primárias democratas de junho, em um resultado considerado histórico. Após a derrota, Cuomo decidiu disputar como candidato independente, alegando que o adversário “não tem experiência administrativa”. O atual prefeito, Eric Adams, optou por não concorrer à reeleição e declarou apoio ao ex-governador.
Mamdani construiu sua popularidade nas redes sociais, onde ganhou o apelido de “candidato tiktoker” por sua linguagem acessível e carisma. Sua defesa da causa palestina e as críticas a políticas de segurança pública tradicionais renderam tanto apoio quanto controvérsias. Em 2020, ele chegou a chamar a polícia nova-iorquina de “grande ameaça à segurança pública” — declaração pela qual se desculpou posteriormente.
Andrew Cuomo, de 67 anos, aposta na imagem de experiência e moderação para reconquistar o eleitorado. Ex-governador por uma década e ex-integrante do governo Bill Clinton, ele tenta se distanciar das denúncias de assédio sexual que o levaram a renunciar em 2021. Já o republicano Curtis Sliwa, de 71 anos, fundador do grupo “Guardian Angels”, tenta repetir o feito de suas campanhas de segurança pública dos anos 1970, embora apareça distante nas pesquisas.
A disputa nacionalizada e as críticas de Trump
A eleição ganhou contornos nacionais após o atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se posicionar publicamente contra Mamdani. Trump classificou o candidato democrata como “comunista” e prometeu cortar recursos federais destinados à cidade caso ele seja eleito. “Tenho a firme convicção de que Nova York será um desastre econômico e social se Mamdani vencer”, declarou o presidente em uma rede social.
A intervenção presidencial acentuou a polarização. O Partido Democrata se dividiu entre a ala progressista, que vê em Mamdani um símbolo de renovação, e o setor mais moderado, representado por figuras como Cuomo e alguns líderes tradicionais. Barack Obama, por exemplo, não declarou apoio público, embora tenha telefonado para o candidato para elogiar sua campanha.
O que mostram as pesquisas
As sondagens mais recentes indicam vantagem consistente para o socialista. De acordo com o instituto AtlasIntel, Mamdani soma 43,9% das intenções de voto, seguido por Cuomo com 39,4% e Sliwa com 15,5%. A pesquisa, realizada entre 31 de outubro e 2 de novembro, aponta uma redução na diferença entre os dois primeiros colocados, mas mantém o democrata à frente.
Outros levantamentos, como o do Emerson College, mostram cenários ainda mais favoráveis a Mamdani, com vantagem superior a 20 pontos. Analistas observam que o alto número de votos antecipados — mais de 700 mil — pode consolidar a liderança do socialista e dificultar qualquer virada de última hora.
Com o custo de vida elevado, tensões sobre segurança e uma população ansiosa por mudanças, a disputa nova-iorquina transcende o plano local. A eventual vitória de Zohran Mamdani poderá redefinir o papel da esquerda nos Estados Unidos e marcar um novo capítulo na história política de Nova York.
Por Brasil247


