Senado abre CPI para investigar o crime organizado, facções e milícias

Data: 04/11/2025
Redação -


Comissão é instalada uma semana após a megaoperação policial que deixou 121 mortos nos Complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro

O Senado iniciou, nesta terça-feira (4/11), a reunião de instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que vai investigar o crime organizado. De autoria do senador Alessandro Vieira (MDB-SE), a comissão tem, a partir desta terça, 120 dias para investigar especialmente o crescimento das facções e milícias em todo o país.

O próximo passo dos palrlamentares, ainda nesta sessão, será a escolha do presidente, o vice e o relator da CPI.

A instalação da CPI foi anunciada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre, dois dias após a megaoperação policial que deixou 121 mortos nos Complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro.De acordo com Vieira, o avanço do crime organizado ocorre em razão do “abandono do poder público”: “Essa tragédia tem solução. Não é pauta eleitoreira, é urgência nacional”, disse o senador em suas redes sociais.

Onze senadores integrarão a CPI, dos quais 10 já foram indicados pelas lideranças partidárias.

Tanto a base do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quanto a oposição aliada ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pleiteiam a presidência do colegiado. Do lado governista, o nome cotado é o de Fabiano Contarato (PT-ES), enquanto a ala bolsonarista quer eleger Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

Trata-se de um tema sensível em meio aos desdobramentos da operação do Rio à frente das eleições de 2026. A Segurança Pública é um tema caro para a direita bolsonarista, que vai tentar mirar a gestão petista.

A base de Lula, por outro lado, tenta evitar uma nova frente de desgaste no Congresso, ainda mais com a tramitação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública e do Projeto de Lei (PL) antifacção, enviado pelo Palácio do Planalto na sexta-feira (31/10).

“Discussão eleitoreira”
A relatoria, por outro lado, é dada como certa ao senador Alessandro Vieira. Ao Metrópoles, o senador disse que seguirá uma linha técnica, criticou o que chamou de “discussão eleitoreira” e declarou que vai querer ouvir o governador do RJ, Cláudio Castro (PL), mas também governadores petistas da Bahia e do Ceará.

“A gente vai trabalhar com a turma da ponta, na política, que são secretários e governadores, seguramente aqueles três ou quatro Estados com as piores condições e aqueles três ou quatro com as melhores. Então a gente vai ter os governadores do Rio de Janeiro, Bahia, Ceará, seguramente precisam ser de alguma forma ouvidos, juntamente com seus secretários”, disse.

Para Alessandro Vieira, o caso do Rio de Janeiro é um “acúmulo de décadas de omissão, de corrupção e de erros”.

“O Rio de Janeiro não foi sorteado por Deus para ter violência, mas tem ali um acúmulo de décadas de omissão, de corrupção, de erros, e a gente tem que combater isso. Então acho que é hora de deixar fora da mesa a discussão eleitoreira, justificativas, todo mundo sentar com tranquilidade e racionalidade, acho que a CPI pode ser um espaço para isso, para quem conduz as discussões com tranquilidade”, declarou.

Por Luciana Saravia e Carlos Estênio Brasilino - Metrópoles


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