Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca, possui 34 mandados de prisão em aberto
O secretário da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Felipe Curi, voltou a defender a megaoperação realizada que deixou 121 mortos, dentre eles, 4 policiais. O principal objetivo da ação era prender Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca, apontando como um dos principais chefes do Comando Vermelho no Complexo da Penha e em outras comunidades da zona oeste do Rio, como Gardênia Azul, César Maia e Juramento. Na avaliação de Curi, a polícia esteve muito perto de capturá-lo.
“A gente tem relatos de que os moradores não aguentam mais o Doca. Tivemos um feedback dessa operação impressionante, de moradores de comunidade, elogiando, parabenizando e pedindo mais, para que a gente consiga prender esses marginais. A questão de prender o Doca é questão de tempo. Por um triz nós não prendemos o Doca. Mas demos aí um baque na facção. A hora dele vai chegar, é questão de tempo”.
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) denunciou Doca e mais 66 pessoas pelo crime de associação para o tráfico. Três deles também foram denunciados por tortura. O Estadão não localizou a defesa de Doca.
Ele é investigado por mais de 100 homicídios, incluindo execuções de crianças e desaparecimentos de moradores. Havia 34 mandados de prisão em aberto contra o traficante, de acordo com dados do Banco Nacional de Medidas Penais e Prisões (BNMP). Doca é apontado como o mandante da execução de três médicos na zona sudoeste do Rio em outubro de 2023. As vítimas foram mortas por engano porque um deles foi confundido com o verdadeiro alvo dos criminosos.
Em maio deste ano, o MPRJ denunciou Doca, e outros dois criminosos pelo ataque a uma delegacia em Duque de Caxias. Segundo as investigações, o criminoso teria ordenado a invasão à unidade, no dia 15 de fevereiro de 2025. Eles respondem por tentativa de homicídio qualificado, dano qualificado, tortura e associação para o tráfico.
Identificação dos corpos
De acordo com o governo, dos 99 mortos identificados:
– 42 tinham mandados de prisão pendente;
– 78 apresentavam “relevante” histórico criminal (tráfico, homicídio);
– 40 eram de outros Estados: 13 do Pará, sete do Amazonas, seis da Bahia, quatro do Ceará, um da Paraíba, quatro do Goiás, um do Mato Grosso e três do Espírito Santo;
Ainda de acordo com o governo, nove mortos eram chefes do tráfico de drogas:
– Russo, chefe do tráfico em Vitória;
– DG, chefe do tráfico na Bahia;
– FB, chefe do tráfico na Bahia;
– PP, chefe do tráfico do Pará;
– Chico Rato, chefe do tráfico em Manaus;
– Gringo, chefe do tráfico em Manaus;
– Mazola, chefe do tráfico em Feira de Santana;
– Fernando Henrique dos Santos, chefe do tráfico em Goiás;
– Rodinha, chefe do tráfico em Itaberaí;
O governo do Rio informou que o IML está sendo usado exclusivamente para a necropsia dos mortos da operação, e que o atendimento às famílias ocorre em um prédio do Detran, ao lado do instituto. Casos não relacionados à ação policial estão sendo direcionados ao IML de Niterói, na região metropolitana.
A Defensoria Pública do Rio afirmou que foi impedida de acompanhar as perícias, mas montou uma força-tarefa com 40 profissionais para atender as famílias – 106 delas já procuraram o órgão para obter documentos, solicitar sepultamento gratuito e regularizar traslados de corpos para outros Estados. A defensora Mirela Assad, da Coordenação Geral de Programas Institucionais (Cogpi), explicou que parte das dificuldades decorre da ausência de familiares para identificação de suspeitos mortos.
O Ministério Público do Rio de Janeiro está utilizando uma tecnologia capaz de reconstruir digitalmente os corpos. A tecnologia registra com fidelidade todas as lesões externas, auxiliando o trabalho de investigação dos promotores.